#42 de 100: Querido amor,

Em título de romances, não sei porque você existe.
Confesso ser ótimo ter alguém para amar. Um tio, um amigo, um primo, um avô... um parente ou um animal para amar, cuidar e mimar, logo, você, meu amigo amor, é de grande utilidade e funcionalidade, sendo assim muito bem vindo.
Em título de romances não compreendo o porquê de sua existência. Não colabora. Nos bobeia, enlouquece e vez em quando magoa. A única utilidade que enxergo em você, nesse quesito, é que serve maravilhosamente para usar de temática musical ou poética, fora isso, não sei porque existes.  Belas canções são compostas por razão de tua existência. Mas e quando é preferível ler Bukowski ou Poe ao invés de Sparks? E quando todo o romance, todo a graça, toda a meiguice e todo o sentimento some? O que fazer quando não se há mais vontade de ver-te, meu amigo Amor? Quando se tem vontade de furar balões de corações e sair caminhando alheiamente à todo esse romance?
Tudo bem, descontarei a culpa dos balões porque eles não fizeram nada e não tem a ver com qualquer raiva.
Mas para que serves então, Amor romanceado? Enlouqueces, provoca borboletas... Desde quando tudo isso é agradável? Desde quando esse é um sentimento bem vindo? Por alguma razão todos estamos querendo lhe encontrar em algum dia de nossas vidas, que bata em nossas portas e de repente toda a mágica que nos ensinam quando crianças aconteça.
Talvez já nasçamos com a necessidade biológica de ter alguém nos amando, mimando, e que nós possamos passar várias horas elogiando, meigando e acarinhando e falando palavras doces e agradáveis enquanto esperamos que tudo o que sentimos é recíproco. E talvez acabemos tendo uma necessidade biológica ou fisiológica, mesmo, nos obrigando a chorar em um ombro amigo após uma rejeição e muitas vezes criticar aquele que não se sente a vontade de receber bem o amor, que o rejeita e pensa (assim como eu) que ele não é exatamente muito necessário em nossas vidas e que acabamos sentindo necessidade de tê-lo na maioria das vezes simplesmente para que possamos ter uma companhia pro cinema na sexta a noite ou pra quarta a noite debaixo do cobertor, de colinho, vendo filmes e jogando vídeo game ou quando somos envolvidos, rodeados, cercados em todos nossos círculos sociais de casais e pessoas dizendo, afirmando e reafirmando o quanto é maravilhoso estar amando, ser amado, como é bom estar apaixonado...
Então, em suma, como eu já havia dito e não hesito em retomar a ideia:
Não estou dizendo que você não deveria existir, meu caro Amor-romanceado, simplesmente estou lhe questionando qual é sua função nessa vida, considerando a teoria de que tudo e todos têm alguma função no planeta.

Meus sinceros cumprimentos,
R.C.

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