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the walls we talked about...

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Aqueles meus muros que tanto falávamos a respeito nunca me deixaram, apenas foram retiradas algumas pedras para que você pudesse olhar para dentro. Ledo engano meu, achar que não seria um erro deixar que alguém tivesse acesso à essas frestas. Que alguém fosse capaz de ver tais buracos e não mexer neles como na pintura, quase como se tivesse dificuldades em acreditar que realmente existissem. Que ao deixar alguém deixar ter esses acessos me doeria menos. Aqueles meus muros nunca me deixaram porque ainda me haviam dores demais dentro deles. Todas com uma máscara sorridente que reluzia à todos que questionavam, à todos que afirmavam conhecer o que havia ali apesar de plena ignorância na questão, à todos que convictamente apresentavam uma solução instantânea que magicamente me traria todo o conforto que tanto me faltara por tanto tempo. Aqueles meus muros nunca me deixaram porque constantemente seguravam cada felicidade que um dia eu tivera medo de expor ao mundo pelos anos de machucados e

#46 de 100: Meu querido,

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É bem provável que a essa altura do campeonato eu ja deveria ter sido capaz de superar tudo o que fomos ou o que chegamos perto de ser. No entanto, seu aniversário, sempre me deixou excessivamente pensativa sobre toda nossa história. Se é que posso dizer que tivemos uma. Nós dois temos o péssimo hábito de sermos excessivamente orgulhosos e não darmos o braço a torcer, admitindo que precisávamos de ajuda porque não tínhamos a menor ideia do que estava ocorrendo em nós e ao nosso entorno. Você não sabia o que era amar e eu não sabia o que era ser amada. Superestimamos e subestimamos muito um ao outro e isso nos estragou. Estragou o que estávamos tentando construir. O fato de recusarmos conversar sobre também estragou o que poderíamos ter sido, então cada um virou para o seu lado e fingimos que nada estava acontecendo conosco quando na verdade TUDO estava acontecendo.  Em dado momento você deixou bem claro que queria me salvar, mas em momento algum eu quis ser salva. E você não acei

Love you to the moon and back

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Te amo até a lua e de volta. Até o fim dos dias. Até o fim da Terra. Até o fim de quem sou.   Te amo até quando olha no espelho e odeia o que vê. Quando sua única vontade é quebrar a imagem que enxerga e refaze-la na esperança de estar no mesmo nível que os outros que conhece. Amo até quando diz várias vezes que não há nada de bom escondido aí, mas sabe que há. Quando diz por que reconhece mas não admite e quando não reconhece e, portanto, não admite. Te amo até nos dias em que diz que odeia tudo o que há em si e sou a única capaz de enxergar que há inúmeras coisas boas que não merecem ser odiadas. Quando sou a única capaz de te provar que há maravilhas aí dentro. Que até as borboletas que nascem em seu estômago nos momentos mais inoportunos são incríveis. Que até naqueles dias em que seu único pedido é a solidão, há beleza em você conviver tão bem com ela. E que nesses dias a única coisa que posso fazer é sentar ao seu lado e aproveitar também a solidão. Te amo nos dias em

Os amantes

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Que partam. Todos já foram e apenas os amantes ficaram. Todas as cortinas já desceram e apenas eles ficaram em sua exposição e sujeira. Apenas eles, em suas faces cobertas, mantiveram-se de pé enquanto os outros foram ao chão. Apenas eles mantiveram-se firmes no erro cometido. Os amantes eram bons. Sempre foram. Sujaram-se por divertimento. Ninguém viu suas faces mas todos sabiam que riam, que desfrutavam dos traídos. Se expuseram com as pernas firmes e sem fraquejar, ainda eram amantes, mesmo que todos tivessem descoberto. Alguns defendiam que a vida em casa era difícil, mas todos sabiam que não haviam desculpas suficientemente plausíveis para tal ato. Os outros estavam mais arrependidos do que eles e nada os incomodava. Os amantes não sentiram vergonha, desprezaram aqueles que injuriaram-se com suas faces cobertas. A camareira foi quem os encontrou a priori. Fora a face, nada mais estava coberto. Despiram-se de toda a vergonha e de todo pudor e nada mais restava quando foram pe

Aqui jaz a pior parte de mim

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Contabilizou. Era seu quinto amor que terminara e a quinta vez que se reconstruía parte por parte em busca de uma melhora pessoal que a fizesse superar plenamente a perda. Era a quinta vez que retirava fotos de porta-retratos, que borrifava seus próprios perfumes nos pelúcias que ganhara e pelos que tinha menos afeição, enviava-os para a caridade. Alguém viria a fazer um uso melhor deles do que a lata de lixo. Revirava a casa na esperança de não haver mais nenhuma peça do dito cujo perdida em uma das madrugadas pois isso pouparia algum momento bem desagradável, onde ela tivesse que entregá-la ou pedir para alguém que o fizesse. Colocou as roupas que tinham o cheiro dele impregnado – especialmente as do último encontro – para lavar e não se daria por satisfeita enquanto a aroma não saísse. As fotos sempre eram a pior parte. Muitas foram reveladas e adornavam suas paredes. Algumas poderiam ser cortadas e de nada modificaria seu rosto ou o contexto, outras não. Ele aparecia tão per

E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim

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Olá amigo, lembra-se de mim? Há quanto tempo não escrevo, não é? Publicar um texto se tornou mais simples do que a velha, boa e conhecida carta manuscrita, sabemos bem disso, não é? Uma pena, gostava muito do sentimentalismo e da emoção que se era possível transferir em algo manuscrito. Manuscritos sempre serão melhores do que datilografias e digitalizações. Sabe bem disso até hoje, não é? Mas bom, vamos ao que realmente importa, o porquê tudo se acabou, correto? Acho que teve uma tal de traição ai no meio não foi? Como amigo não era você beijando alguém que me incomodou. Que matou a amizade. Não foi esse tipo de traição e você tem uma boa compreensão é conceito disso, correto? Mas posso explicar de maneira bem mais prosaica, como você bem sabe que gosto de fazer. Esses dias vi um filme que lançou recentemente, O pequeno príncipe. Provavelmente todos já leram – pode rir – mas eu nunca. Depois do filme, pode ser que darei uma chance a este. Merece. Em certo momento há pala

Desencargo

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Me fale de café, de versos, de poesia de bar, de música inacabada e violão sem corda, mas não me venha falar de amor não duradouro se tudo acabou naqueles versos naquele dia no café. A enxaqueca atacou e não manifestei minha dor. A gastrite também me machucou, mas nada disse eu se tudo isso era culpa que tu me destes. Ah, nesse frio de outono tomando café no fim da tarde e te escrevendo versos que nem se um dia tu lerás, me finjo de inteligente usando palavras difíceis para lhe escrever um versinho que caiba bem os sentimentos.  Ah querida amiga não se dissolva por palavras bobas e fáceis, esses teus versinhos só são bonitos quando são escritos para ti, de outro modo não. Tu és ciumenta e acha que largar-te-ei por outra moça qualquer por ai. Moça da vida tu não és, mas dizem ter vocação. Moça da vida tu não és, mas sabe todos os ensinamentos destas. Moça da vida tu não és, mas tem sentimento de sobra que nenhuma delas tem. Menina que acabou de virar moça que me veio falar de c